Uso de IA atinge sete em cada dez alunos

Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como ChatGPT e Gemini, para realizar pesquisas escolares. No entanto, apenas 32% desses alunos receberam orientação na escola sobre o uso seguro e responsável dessas tecnologias.

Pesquisa revela panorama da tecnologia nas escolas

Os dados fazem parte da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Este núcleo coordena projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Entre os estudantes de ensino fundamental e médio, 37% afirmaram usar IA generativa. Nos anos finais do ensino fundamental, a proporção sobe para 39%. Entre os alunos do ensino médio, o número chega a 70%.

Daniela Costa, coordenadora do estudo, destaca: “O dado evidencia novas práticas de aprendizagem adotadas pelos adolescentes.” Ela acrescenta que essas ferramentas exigem novas formas de lidar com a linguagem, organizar informações e compreender o conhecimento. Além disso, exigem pensamento crítico e análise cuidadosa.

Escolas começam a se adaptar as IA

Apesar do uso crescente, poucas escolas oferecem orientação adequada. Apenas 32% dos alunos receberam instruções sobre como usar IA de forma crítica e responsável. Daniela explica: “É fundamental que os estudantes entendam a integridade da informação, a autoria e a avaliação de fontes confiáveis.”

A pesquisa mostra que 68% dos gestores escolares realizaram reuniões com professores e funcionários sobre tecnologias digitais. Além disso, 60% discutiram o tema com pais e responsáveis. Regras sobre celulares foram o foco, mas 40% das escolas também abordaram o uso de IA.

“Os alunos precisam aprender a usar a IA para construir conhecimento próprio, não apenas receber respostas prontas”, acrescenta Daniela. Portanto, orientação escolar é essencial para o aprendizado efetivo.

Impacto das regras sobre celulares e IA.

A TIC Educação também analisou o efeito da Lei 15.100, de janeiro de 2025, que restringiu o uso de celulares nas escolas. Em 2023, 28% das instituições proibiam totalmente os aparelhos, enquanto 64% permitiam apenas em horários e espaços específicos. Em 2024, a proibição aumentou para 39% e a permissão limitada caiu para 56%.

A redução é mais acentuada em escolas rurais, municipais e particulares. Por exemplo, o uso de celulares em escolas rurais caiu de 47% para 30%. Já em escolas particulares, a disponibilidade de internet em sala de aula diminuiu de 70% em 2020 para 52% em 2024. Consequentemente, o uso de tecnologias digitais está mais controlado.

Conectividade ainda desigual

Apesar do avanço na conectividade, desigualdades persistem. Quase todas as escolas brasileiras (96%) têm acesso à internet. No entanto, apenas 67% dos alunos em escolas estaduais usam a internet para atividades escolares, contra 27% nas escolas municipais.

Além disso, escolas municipais de pequeno porte enfrentam limitações. Apenas 51% possuem computadores para atividades educacionais e 47% oferecem acesso à internet para os alunos. Nas escolas rurais, o acesso a computadores caiu de 46% em 2022 para 33% em 2024.

Daniela enfatiza: “É essencial igualar oportunidades de acesso às tecnologias digitais entre estudantes de diferentes contextos.” Por isso, políticas públicas devem priorizar recursos e infraestrutura.

Formação de professores em tecnologia digital

Outro ponto crítico é a formação docente. Em 2021, 65% dos professores participaram de cursos sobre tecnologias digitais. Em 2024, esse número caiu para 54%. A queda é maior entre docentes da rede municipal, que caiu de 62% para 43%.

Essa formação é crucial para orientar alunos sobre uso seguro, crítico e criativo da IA. A pesquisa revelou que 67% dos docentes que receberam treinamento se sentiram mais preparados para instruir seus alunos. Além disso, cursos regulares ajudam a atualizar estratégias pedagógicas.

Conclusão

O uso de IA generativa está se consolidando entre estudantes, mas a orientação escolar ainda é insuficiente. Escolas e professores precisam se atualizar para garantir o aprendizado responsável e o desenvolvimento de habilidades críticas. A conectividade e a infraestrutura digital devem ser ampliadas, especialmente nas escolas rurais e municipais.

Com políticas adequadas e formação contínua, a tecnologia pode ampliar o conhecimento dos alunos, tornando-os mais críticos, autônomos e preparados para os desafios do século XXI. Portanto, a ação conjunta de gestores, professores e pais é essencial.

Imagem ilustrativa sobre IA.
Imagem ilustrativa sobre IA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *