Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, conversaram por telefone para tratar do impasse em torno do aplicativo TikTok. Além disso, o diálogo buscou um acordo que mantenha a plataforma no mercado americano e, ao mesmo tempo, abra espaço para novos investimentos chineses em tecnologia, fortalecendo a relação econômica entre os países.
Um telefonema estratégico
Segundo a emissora estatal chinesa CCTV, a ligação ocorreu em meio ao aumento das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Durante a conversa, Trump e Xi demonstraram interesse em reduzir atritos e encontrar um ponto de equilíbrio, principalmente sobre o futuro do TikTok nos Estados Unidos.
O aplicativo, controlado pela chinesa ByteDance, sofre forte pressão do Congresso norte-americano e do governo Trump. Caso não haja mudanças, a Casa Branca ameaça restringir ou até banir o TikTok, exigindo regras claras de segurança e controle de dados.
Apesar do gesto de aproximação, nem Pequim nem Washington divulgaram detalhes concretos da negociação. Até o momento, a Casa Branca não comentou o teor da chamada, mantendo o assunto em sigilo estratégico.
TikTok no centro da disputa
O TikTok virou um dos principais pontos de conflito entre China e Estados Unidos. Washington acusa a empresa de expor dados sensíveis de milhões de usuários a autoridades chinesas. Por sua vez, a ByteDance nega e afirma operar de forma independente em todos os países.
Para Trump, a permanência do aplicativo nos EUA depende de concessões. Entre elas, está a transferência parcial da gestão para empresas americanas e a criação de mecanismos de auditoria que garantam maior transparência e segurança.
Xi Jinping, por outro lado, vê excesso de concessões como derrota diplomática. O governo chinês considera a pressão sobre o TikTok parte de uma estratégia mais ampla para conter o avanço do país em áreas como inteligência artificial, 5G e redes sociais globais.
Impactos além do aplicativo
Especialistas em comércio internacional afirmam que o telefonema entre Trump e Xi vai além do TikTok. De fato, a iniciativa mostra uma tentativa de reabrir canais de diálogo em uma relação marcada por cooperação pontual, mas também por embates intensos e complexos.
Se houver acordo, empresas chinesas podem voltar a investir em tecnologia no mercado americano, quase fechado nos últimos anos. Além disso, companhias dos EUA também poderiam expandir negócios na China, principalmente nos setores financeiro e digital, promovendo intercâmbio econômico mais equilibrado.
O jogo político de Trump
Nos bastidores, o movimento de Trump tem forte peso político. Em ano eleitoral, ele tenta equilibrar firmeza contra Pequim com medidas que não prejudiquem a economia ou afastem os jovens, principais usuários do TikTok.
A ideia de banir o aplicativo enfrenta resistência dentro do próprio país. Influenciadores, artistas e empresários defendem que a saída do TikTok dos EUA traria prejuízos a milhões de criadores de conteúdo e colocaria empregos em risco.
Ao mostrar abertura para negociar, Trump busca manter a imagem de protetor dos interesses nacionais, sem, contudo, fechar portas para o diálogo aberto e construtivo.
Xi Jinping também ganha fôlego
Xi também aproveita a conversa para reforçar sua disposição em buscar soluções pacíficas. Nesse contexto, a China enfrenta desaceleração econômica e precisa preservar laços comerciais estratégicos, essenciais para sua estabilidade.
Mesmo sem anúncios concretos, o simples fato de Trump e Xi retomarem contato já foi visto como um sinal positivo por diplomatas e investidores atentos.
Próximos passos
Ainda não há prazo para um acordo definitivo sobre o TikTok. No entanto, o telefonema criou expectativas de avanços em outros temas sensíveis, como tarifas, propriedade intelectual e cooperação em novas tecnologias.
Enquanto não há solução final, o futuro do TikTok nos Estados Unidos segue em aberto. A plataforma continua como peça central de uma disputa que ultrapassa o entretenimento e simboliza a corrida pelo controle da economia digital do século 21, envolvendo interesses estratégicos e tecnológicos de ambos os países.
