Copom do Banco Central mantém Selic em 15% ao ano por unanimidade
Na reunião desta quarta-feira (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Este é o maior nível da taxa desde 2006, quando estava em 15,25% ao ano durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A decisão baseou-se na análise do cenário econômico. O Copom apontou instabilidades no ambiente internacional e uma inflação ainda acima da meta definida para o Brasil como motivos para manter a taxa. Embora a atividade econômica tenha mostrado desaceleração, o mercado de trabalho continua em alta, o que, segundo o Copom, contribui para um cenário inflacionário. A Selic alta continua sendo vista como uma ferramenta crucial no combate à inflação.
“Apesar de a atividade econômica ter mostrado certo enfraquecimento, o mercado de trabalho permanece ativo. A inflação total e as medidas subjacentes continuam acima da meta estabelecida”, informou o Copom no comunicado.
Além disso, o comitê destacou o contexto externo como fator relevante para a decisão. A incerteza gerada pela política econômica nos Estados Unidos tem gerado volatilidade nos mercados financeiros e, consequentemente, no comportamento de ativos globais. Esse cenário exige maior cautela por parte dos países emergentes, incluindo o Brasil, dado a situação geopolítica tensa no exterior.
A manutenção da Selic em 15% ao ano corresponde às expectativas do mercado financeiro, que já aguardava a estabilidade da taxa por um período prolongado, conforme sinalizado pelo Banco Central anteriormente.
O papel da taxa Selic na economia
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, especialmente aquelas que afetam mais intensamente as camadas mais vulneráveis da população. O Copom é composto pelo presidente do Banco Central e oito diretores da instituição. No ano de 2025, os diretores indicados pelo governo de Lula têm maioria no colegiado, influenciando diretamente a decisão sobre a taxa de juros.
Os economistas projetam que a taxa de juros continuará no nível atual, pelo menos até o início de 2026.
Impacto econômico da Selic
A equipe econômica do governo já revisou para baixo as expectativas de crescimento do PIB, em razão do efeito dos juros elevados sobre a atividade econômica. O Ministério da Fazenda divulgou uma nova previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, que agora é de 2,3%, abaixo da previsão anterior de 2,5%. Esse ajuste é atribuído aos efeitos da política monetária restritiva, que tem impactado o crédito e a economia como um todo.
A abordagem do Banco Central
O Banco Central utiliza um sistema de metas para definir a taxa de juros. Quando a inflação está dentro das metas, pode haver redução na Selic. Entretanto, se a inflação está acima da meta, a tendência é manter ou aumentar a taxa de juros. Em 2025, com a implementação do sistema de metas contínuas, a meta de inflação será considerada cumprida se a variação estiver entre 1,5% e 4,5%.
No caso da inflação ter ultrapassado a meta por seis meses consecutivos, o Banco Central emitiu uma carta pública explicando os motivos. De acordo com Gabriel Galípolo, presidente do órgão, o aumento da inflação foi causado pela economia aquecida, flutuações no câmbio, aumento dos custos de energia elétrica e fenômenos climáticos.
O Banco Central toma suas decisões com base nas projeções futuras da inflação, já que os efeitos das mudanças na Selic levam de seis a 18 meses para se refletirem plenamente na economia.
Próximos encontros do Copom
O Comitê de Política Monetária se reúne periodicamente a cada 45 dias. As próximas reuniões ocorrerão nos seguintes dias:
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4 e 5 de novembro
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9 e 10 de dezembro
Com o cenário econômico ainda desafiador, o próximo ano será decisivo para definir os rumos da política monetária no Brasil. O Banco Central mantém a Selic como principal ferramenta de controle da inflação e já sinaliza cautela diante das incertezas internas e externas. Enquanto isso, o governo precisa equilibrar juros altos com medidas que estimulem o crescimento econômico sustentável e protejam a população mais vulnerável.
A combinação entre inflação persistente, juros elevados e desaceleração da atividade econômica exige atenção redobrada das autoridades. O comportamento do mercado de trabalho, o desempenho do consumo das famílias e os impactos de fatores externos, como a política monetária dos Estados Unidos e as tensões geopolíticas, seguirão influenciando as próximas decisões do Copom.
Economistas seguem atentos aos dados futuros, especialmente em relação à inflação, que continuará sendo o principal termômetro das ações do Banco Central. Ao mesmo tempo, os efeitos da política monetária já começam a se refletir em setores sensíveis ao crédito, como construção civil, varejo e indústria.
Neste contexto, a manutenção da Selic em níveis elevados reforça o compromisso do Banco Central com o controle dos preços, mas também impõe desafios ao crescimento. O equilíbrio entre estabilidade e retomada econômica será um dos principais focos do debate econômico nos próximos meses.
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